quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

#45. Vanguart
Boa Parte de Mim Vai Embora (Vigilante)

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Longe das conexões com a música estrangeira e profundamente relacionados com os sons nacionais, o quinteto Vanguart consegue transformar o recente Boa Parte de Mim Vai Embora em um diálogo maduro com o grande público, ao mesmo tempo em que mantém firme a conexão com a cena alternativa. Muito mais “pop” que o primeiro trabalho da banda – algo bem evidente na faixa de abertura, Mi Vida Eres Tu -, o álbum de 13 faixas amplia os horizontes do quinteto cuiabano, que agora apresenta um registro inteiramente composto em português e orientado por novas sonoridades. Menos focado na figura de Hélio Flanders, o trabalho ressalta os demais participantes do grupo, como Luiz Lazzaroto, que preenche o registro com uma bela soma de teclados, ou mesmo Reginaldo Lincoln, que tem ampliados os vocais no interior da obra. Além de superar a famigerada crise do segundo disco, a banda ainda conseguiu proporcionar um excelente álbum. (Resenha)

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#44. Beto Só
Ferro-Velho de Boas Intenções (Senhor F)

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Um registro para ser apreciado com parcimônia, assim é o mais recente trabalho do brasiliense Beto Só, Ferro-Velho de Boas Intenções. Contrariando as expectativas geradas ao final do último álbum do cantor, Dias mais tranquilos, que parecia se encaminhar em busca de uma sonoridade menos dolorosa e soturna, o presente álbum afunda ainda mais o músico em um universo particular e sofrido. Denso – tanto nos versos como na instrumentação – o trabalho parece manifestar um pequeno retrato pessoal do compositor, que ao expor seus sentimentos mais sinceros acaba estabelecendo uma conexão direta com o espectador, que parece na verdade estar ouvindo algo sobre si próprio. Amargurado, porém nunca melodramático, o registro explora a dor – em diferentes formatos – de maneira totalmente própria, como se fosse o próprio músico o criador de todas essas dolorosas sensações. (Resenha)

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#43. Blubell
Eu Sou do Tempo em Que a Gente se Telefonava (YB Music)

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Imersa em um ambiente vintage, onde moveis envernizados servem de assento para garotas de vestidos estampados por bolinhas, Blubell abre as portas para o mundo peculiar de Eu Sou do Tempo em Que a Gente se Telefonava, segundo álbum de uma carreira ainda recente, porém marcada por acertos. Entre transições ao jazz, rock clássico e até um toque de música latina, a cantora paulistana presenteia o ouvinte com uma vasta sucessão de versos sedutores e intimistas, sempre entoados por meio dos vocais adocicados da musicista. Envolvente da primeira à última faixa, o álbum cresce de maneira visível em meio ao competente número de músicos que auxiliam a cantora em sua empreitada, cruzando flautas, pianos, uma bateria compacta e uma linha de baixo que parece garantir sustento a todo o registro. Se o mundo real parece um caos para você, não há existe fuga melhor e um ambiente mais encantador do que o proclamado por Blubell.

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#42. Pública
Canções de Guerra (Cornucópia Discos)

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Passado o medo do segundo álbum, chega a hora dos gaúchos da Pública se firmarem de vez no panorama nacional, feito que eles dão mais do que conta com Canções de Guerra, terceiro e provavelmente o melhor registro da banda até agora. Longe dos toques de psicodelia do primeiro álbum e afastado das pequenas irregularidades do segundo, o terceiro disco parece condensar o que a banda tem de melhor: versos fortes e uma instrumentação essencialmente melódica. Suave, mas ainda mergulhado nos versos penosos de Pedro Metz, o trabalho reforça a conexão da banda com a música britânica da década de 1990 ao mesmo tempo em que o grupo estabelece uma forte e individual marca no cenário brasileiro atual. Entre composições marcadas pelo caráter comercial, destacam-se faixas movidas por um toque de inovação na carreira do grupo, algo que o aspecto religioso-épico de Cartas de Guerra e as predisposições ao pop de câmara da poderosa Silenciou acabam revelando. (Resenha)

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#41. Bonifrate
Um Futuro Inteiro (Independente)

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Menos orgânico que o místico Os Anões da Villa do Magma, Um Futuro Inteiro parece evidenciar a figura do carioca Bonifrate com um pé bem calcado no chão, enquanto a cabeça ainda se mantém nas nuvens. Distante do clima bucólico de outrora – quase uma continuação do que fora propagado em sua outra banda, o Supercordas -, o álbum esbanja uma somatória de composições marcadas pela psicodelia e a música folk, com o músico fazendo nascer um registro essencialmente lisérgico, em que incontáveis efeitos, overdubs e ruídos sintéticos vão pouco a pouco projetando uma verdadeira viagem musical. Melancólico (Esse Trem Não Improvisa), alucinado (Vertigem de uma festa interestelar) e até filosófico (A farsa do Futuro enquanto Agora), Bonifrate lança um registro que esbanja sua própria figura e experiências, muito embora grande parte do que ali esteja possa ser refletido e aplicado na vida de qualquer um. (Resenha)

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