quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

#35. Team. Radio
Summertime (Popfuzz/RockinPress/Sinewave)

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Nas mãos do quinteto pernambucano Team. Radio o verão acabou ganhando novo significado. Nada das fortes radiações solares, cores abundantes transitando pelas praias ou aquele clima de descontração jovial que se revela em propagandas de cerveja, para a banda recifense a estação ganhou um sentido novo e muito mais interessante. Mergulhados em teclados etéreos, guitarras marcadas por distorções densas e vocais que parecem gravados embaixo d’água, o grupo segue de maneira suave nos hipnotizando através das fortes emanações de Summertime EP. Herdeiros de todo o panteão de velhos representantes do Dream Pop/Shoegaze – tanto My Bloody Valentine como Galaxie 500 estão por todos os lados do disco -, o grupo se desvencilha de um resultado copioso sem grandes esforços, mobilizando assim um projeto maduro e atemporal. (Resenha)

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#34. Lautmusik
Lost In The Tropics (Independente)

Os gaúchos do Lautmusik foram muito felizes na hora de escolher o título para o projeto que defenderiam, bem como o nome do primeiro álbum de suas carreiras. Enquanto o primeiro se evidencia como uma espécie de aviso ao ouvinte – o nome vem do alemão “Música Alta” – o segundo, Lost In The Tropics parece retratar a posição do grupo dentro do cenário nacional, como se fossem figuras perdidas dentro da música brasileira (ou dos trópicos). Algo facilmente explicado pela pluralidade de sons esbanjados ao longo do disco, todos estilos que de uma forma ou outra se relacionam com a produção musical estrangeira de diferentes décadas. Espécie de enorme catálogo do rock alternativo, o álbum possibilita que a banda passeie tanto pelo pós-punk britânico dos anos 80, como pelo shoegaze comercial do novo século, gêneros de aspectos tecnicamente distintos, mas que encontram na intensidade das guitarras e nos vocais de Alessandra L. a conexão necessária. (Resenha)

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#33. Madame Saatan
Peixe Homem (Doutromundo Discos)

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Um estrondo de proporções incalculáveis, assim é Peixe Homem, segundo trabalho da banda paraense Madame Saatan e mais firme resposta aos exageros e cópias descaradas que há décadas alimentam o Metal brasileiro. Ainda mais intenso que o primeiro disco do grupo apresentado em idos de 2007, o trabalho de 12 faixas reúne toda a soma de diferentes elementos que trouxeram destaque ao álbum de estreia do quarteto, misturando para além das referências ao Heavy Metal, elementos do rock alternativo, hardcore e inclusive música regional. Comandado pelos vocais da expressiva Sammliz e não poupando no peso dos instrumentos, o disco vai da faixa de abertura (Respira) ao fim da obra encaminhando o ouvinte por um panorama de paredões intransponíveis de guitarras, batidas capazes de dilacerar o ouvinte e uma linha de baixo que praticamente soterra qualquer um que se atreva a desafiar o grupo. (Resenha)

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#32. ruído/mm
Introdução à Cortina do Sótão (Sinewave)

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Foi ao transformar o rock instrumental em algo acessível e ao mesmo tempo complexo para o público que em 2008 os curitibanos do ruído/mm fizeram nascer um dos maiores exemplares que o rock instrumental brasileiro pôde proporcionar na última década, A Praia. Passados três anos desde o lançamento do brilhante registro, os paranaenses retornam com um álbum dotado da mesma beleza e a mesma diversidade instrumental que o anterior projeto foi capaz de proporcionar. Denominado Introdução à Cortina do Sótão, o disco aproxima o quinteto de um som muito mais melódico e límpido, utilizando da “simplicidade” que toma conta das faixas como um mecanismo de aproximação com distintos grupos de ouvintes, indivíduos que talvez tivessem aversão a esse tipo de som, mas que devem encontrar em todas as faixas do material uma espécie de abrigo e também uma passagem para um vasto universo de experiências musicais. (Resenha)

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#31. Sobre a Máquina
Areia (Sinewave)

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Bases instrumentais sombrias e ruídos incorporados a um clima soturno e denso, elementos instrumentais que serviriam como diretrizes para o trabalho de grupos como Godspeed You! Black Emperor, A Silver Mt. Zion e tantos outros ícones do pós-rock, mas que acabam ganhando novo significado nas mãos do trio carioca Sobre a Máquina. Sucessor do também complexo (e obscuro) Decompor de 2010, Areia parece aperfeiçoar todas as experiências e sensações ressaltadas pela trinca Cadu Tenório, Emygdio Costa e Ricardo Gameiro, que contra todas as expectativas e o ambiente natural em que estão inseridos (o ensolarado Rio de Janeiro) acabam se aprofundando em um mundo de sons acinzentados e paredes instrumentais metálicas. Um tipo de som que parece ressaltar um tipo de futuro pós-apocalíptico, mas que talvez seja o mais sincero retrato do que é a música instrumental brasileira hoje. (Resenha)

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