sexta-feira, 18 de novembro de 2011

OS MELHORES ÁLBUNS NACIONAIS DA DÉCADA

Os discos nacionais, ibero-americanos e internacionais mais importantes da década

* Fernando Rosa - editordo Site Senhor F

A cena independente nacional desta década pagou o preço da transição entre o advento das novas formas de produção e divulgação por meio da internet e a ruína da indústria fonográfica tradicional. No entanto, antes de perder-se em lamúrias, artistas e bandas foram à luta e deram início à construção de novas bases para a economia da música no país. O resultado é uma inédita plataforma de festivais organizada na ABRAFIN, selos como Monstro Discos, Senhor F Discos e midsummer madness records, entre outros, e uma rede de casas de shows.

O portal Senhor F acompanhou o desenvolvimento dessa cena desde sua criação em 1998, quando as coisas engatinhavam, ainda de forma centralizada em algumas capitais. Nesta década, centenas de demos, singles, eps e discos passaram pelo portal, muitos deles ganhando visibilidade a partir das matérias e resenhas em nossas páginas. Apesar das dificuldades, o acesso às novas tecnologias abriu as portas para produções profissionais e, ao mesmo tempo, livres do padrão incolor do mainstream, que destruiu muitas bandas.

Sem a pretensão de abranger o conjunto da produção musical jovem da década, nossa lista busca identificar aqueles discos, dentre os independentes, que mais aprofundaram a linha do rock nacional. Assim como as listas anteriores – internacional e ibero-americana -, os 25 títulos correspondem a um mix de gosto pessoal e coletivo, expressão de nossa linha editorial e importância histórica. Alguns clássicos como O Bloco do Eu Sozinho, outros obscuros como Os Pistoleiros e Prozak, ou surpreendentes como a novata Macaco Bong, mas todos presentes na memória emocional de nossa redação.

O Bloco do Eu Sozinho, dos cariocas Los Hermanos, é unanimidade, pela qualidade musical e poética, assim como pela postura de rompimento com o esquema formal da indústria e a defesa da arte e da criação antes de tudo. O disco homônimo dos alagoanos Mopho é um clássico de todos os tempos do rock nacional, espremido naqueles anos 2000 de indefinição entre o velho e novo. O disco da gaúcha Superguidis, com seu pop-sujo, guitarras excepcionais e poesia cotidiana, marcou a entrada em cena da juventude emergente das periferias nacionais, impulsionadas pelo acesso à informação.

O álbum Positivamente Mórbido, dos curitibanos Pelebrói Não Sei, é um achado do início da década, com seu surpreendente mix de punk rock e extrema qualidade poética, com letras sinceras e coladas no cotidiano da juventude da época. Os cuiabanos Macaco Bong, com seu disco Artista Igual Pedreiro, com inventidade e despojamento, afirmaram definitivamente o novo espírito “do it yourself” independente. Já o gaúcho Frank Jorge com seu Carteira Nacional de Apaixonado deu início a construção de uma sólida carreira solo, além da herança da Graforréia Xilarmônica.

A também gaúcha Cachorro Grande com o disco homônimo de estréia definiu boa parte da sonoridade do início da década, com hits explosivos em disco e palco, que transforam a banda em um dos destaques do rock nacional atual. A goiana Violins, com o quarto discos, A Redenção dos Corpos, reforçou a linguagem “indie” com uma obra marcada pela radicalidade musical, poética e existencial. A acreana Los Porongas, também com disco homônimo, introduziu na cena do Norte no caldeirão nacional, com grande qualidade instrumental e poética.

A brasiliense Prot(o), por sua vez, com seu auto-intitulado disco de estréia, demarcou um novo terreno para o rock local, à base de guitarras eletrizantes e letras tão estranhas quanto geniais. Também de Brasília, Beto Só com o segundo disco Dias Mais Tranquilos confirmou suas qualidades autorais em canções de extrema sensibilidade e emoção. A gaúcha Bidê ou Balde, com Se o Sexo é que Importa, só o Rock é sobre Amor!, também demarcou o terreno fértil do início da década, em hits divertidos e dançantes.

Após um bem recebido disco de estréia, a banda Volver lançou o segundo disco, Acima da Chuva, contendo uma coleção de canções que transformou o quarteto no grupo mais importante da nova geração do rock recifense e do país. O surpreendente disco dos brasilienses Suite Super Luxo, El Toro!, apesar de ilhado em sua cidade, é um dos grandes discos de sua geração e do rock independente nacional. Autoramas com Stress, Depressão e Síndrome de Pânico, destacando a guitarra de Gabriel Thomaz, também foi um dos marcos da nova cena independente nacional.

A cavaleiro do single Semáforo, os cuiabanos Vanguart lançaram um dos discos mais importantes da nova geração do rock independente brasileiro da segunda metade da década. Já os brasilienses Móveis Coloniais de Acaju firmaram-se na cena nacional com o disco de estréia, Idem, que catapultou a banda para todos os palcos do país. De Chapecó, Santa Catarina, os já lendários Repolho consolidaram sua carreira com o segundo disco, Vol 2, unindo ironia, inteligência e diversão, com diversas participações especiais.

A também brasiliense Phonopop com seu disco de estréia Já Não Há Tempo introduziu na cena independente a melodia clássica em canções com a urgência do power pop. A carioca Astromato, com o belo Melodias de Uma Estrela Falsa, lançado em 2000, fez a ponte entre o “indie’ dos anos noventa e a nova era independente. Tão obscuro quanto surpreendente, Reciclando Almas dos gaúchos Prozak, com ótimas guitarras e sonoridade outsider para os padrões do rock gaúcho tradicional, é um dos grandes discos “perdidos” da cena independente nacional.

Um Compêndio Lírico de Escárnio e Dor, dos goianos Réu e Condenado, é outra obra rara do rock independente desta década, com seu humor cortante e fino. Outro disco quase “perdido”, é o disco homônimo dos catarinenses Os Pistoleiros, ainda hoje a mais interessante experiência do folk rock nacional moderno. A paulista Os Gianoukas Papoulas, com Panorâmica, entregou para a cena independente uma bela coleção de canções refinadas. Por fim, a carioca Supercordas com Seres Vivos ao Redor resgatou a psicodelia nacional com qualidade autoral e instrumental.

01.Los Hermanos - O Bloco do Eu Sozinho (Abril Music/2001)
02.Mopho – Mopho (Baratos Afins/2000
03.Superguidis - Superguidis (Senhor F Discos/2006)
04.Pelebrói Não Sei – Positivamente Mórbido (Barulho Records/2000)
05.Macaco Bong - Artista Igual Pedreiro (Monstro Discos/Fora do Eixo/Trama Virtual/2008)
06.Frank Jorge - Carteira Nacional de Apaixonado (Barulhinho/2000)
07.Cachorro Grande - Cachorro Grande (Stop Records/2000)
08.Los Porongas - Los Porongas (Senhor F Discos/2007)
09.Prot(o) – Prot(o) (Monstro Discos/2003)
10.Bidê ou Balde – Se o Sexo é que Importa, só o Rock é sobre Amor! (Antidoto/Abril Music/2000)
11.Beto Só - Dias Mais Tranquilos (Senhor F Discos/2008)
12.Vanguart – Vanguart (OutraCoisa/2007)
13.Violins – A Redenção dos Corpos (Monstro Discos/2008)
14.Autoramas – Stress, Depressão e Síndrome de Pânico (Astronauta/2000)
15.Volver - Acima da Chuva (Senhor F/2008)
16.Os Pistoleiros - Os Pistoleiros (Low Tech Recs/2000)
17.Móveis Coloniais de Acaju – Idem (Independente/2007)
18.Repolho – Repolho 2 (Independente/2001)
19.Réu & Condenado – Um Compêndio Lírico de Escárnio e Dor (OutraCoisa/2004)
20.Phonopop – Já Não Há Tempo (T-Rec/2005)
21.Prozak – Reciclando Almas (Independente/2002)
22.Astromato - Melodias de uma estrela falsa (midssummer madness records/2000)
23.Suite Super Luxo – El Toro! (Protons/2005)
24.Os Gianoukas Papoulas – Panorâmica (Independente/Virtual/2006)
25.Supercordas - Seres Verdes ao Redor (Trombador/2006)

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