O Pós-Punk Brasileiro
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Mercenárias |
Dias atrás, estava eu no ônibus voltando pra casa quando vi ao meu lado Sandra Coutinho. Comecei a suar frio. Já encontrei Sandra em outras ocasiões, mas não daquele jeito. Não resisti e agradeci por ‘Cadê as Armas?’ e ‘Ao Vivo no Mosh’. Conversamos rapidamente, disse a ela que eu tinha uma fita das Mercenárias ao vivo ainda com Scandurra na bateria e ela me falou que também tem material ao vivo, que está reunindo tudo para lançar oficialmente.Vixi Maria!
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Último Número |
Em BH o pós-punk foi basicamente calcadoem um forte texto inspirado em poesia concreta, beatniks e na estética de Joy Division e Ian Curtis, Bauhaus e esse início do movimento gótico musical. Sexo Explícito, Último Número, O Grande Ah!, Divergência Socialista e outras, umas mais e outras menos, mas todas tinham influência pós-punk. Mas elas estavam também inseridas em um contexto em que havia também artes plásticas, instalações, além de artistas e fotógrafos que cuidavam da parte visual dos shows, das capas, das fotos, dos flyers. Festas, casas noturnas, bares, shows. Tinha a efervecência parecida com São Paulo, mas uma relação pessoal bem parecida com Brasília (essa é a leitura que tenho vendo de fora).
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Ira! |
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Plebe Rude |
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Smack |
No Rio de Janeiro não havia uma cena específica, mas sim uma ou outra banda como o próprio Paralamas do Sucesso, Black Future e Picassos Falsos, mas longe de ser como nos outros lugares, mesmo Curitiba e PoA, que também tinham suas turmas.
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Voluntários da Pátria |
Pra minha alegria (e de muitos outros brasilienses) oEscola de Escândalo prepara uma reunião especial, com direito a DVD, CD e shows pelo Brasil. Geruza, Marielle, Totoni e Parente estão reunidos já gravando o álbum. Ninguém melhor que Parente para reproduzir o que só Fejão fazia na guitarra. Estou aqui torcendo para que dê tudo certo.
Apesar dos lugares serem distintos, essas cenas tinham suas semelhanças. Em Brasília, em Minas e em São Paulo era comum encontrar pessoas que tocavam em mais de uma banda, as vezes em até três ou quatro ao mesmo tempo (como era o caso de Scandurra em SP, Fejão em BsB). Mesmo cada banda tendo sua sonoridade, todas elas tinham preocupação com a estética, influência da cena gótica, davam mais atenção ao baixo, faziam experimentações.
O pós-punk inglês e americano não ficou marcado por sucessos de rádios, ou por atingir um grande público (tirando as poucas exceções), mas tinha seusseguidores e influenciou bastante a new wave, o tecnopop, o alternativo das college radios, o grunge, o britpop, o electro rock. Ou seja...
Das bandas pós-punks citadas aqui as que mais fizeram sucesso foram Plebe Rude e Ira!, mas isso não significa que só elas eram boas. Pelo contrário, muitas delas são maravilhosas.